MCVE (Minimal, Complete and Verifiable Example) não tem nada a ver com segurança ou sigilo. No seu caso, bastaria criar uma página de "Hello World" com alguns botões escritos "Bom dia", "Boa tarde" e "Boa noite" ou algo semelhante que reproduzisse o problema e então, além de postar o código, postar uma imagem com o resultado obtido e uma com o resultado esperado. Não existe nenhuma violação de sigilo ou de segurança nisso.
Ocorre que esse monte de id
, class
e métodos do lugar onde você trabalha nada tinham a ver com o problema. Ou seja, se você os incluísse na sua pergunta, não seria um MVCE porque você estaria falhando na parte do M.
O MVCE não é apenas um método de se postar perguntas no StackOverflow. Ele também é um poderoso método de debug. Crie uma nova base de código a partir do seu original e vá retirando dela tudo o que for possível que não tenha relação com o bug até restar apenas um programa cuja a única finalidade seja demonstrar o bug e mais nada (ou seja, mínimo). Obviamente, esse programa em momento nenhum pode deixar de ser executável (completo) e reproduzível por outras pessoas (verificável).
Quando você já tiver alcançado um problema mínimo, trocar id
s e class
es restantes deverá ser trivial, se é que alguma restará.
Ao realizar o processo de se se reduzir um sistema complexo a um MVCE, é muito provável que você acabe achando a resposta por si mesmo, talvez não no seu caso específico, mas em muitos outros é o que acontece. E isso evita que muitas perguntas sejam postadas por aqui (obviamente, não dá para se saber quantas).
Aliás, o MVCE tem a ver com o método científico utilizado em várias áreas da ciência. Para entender a causa de um fenômeno, é necessário isolá-lo, separando-o de quaisquer outros fatores que possam interferir ou confundir o fenômeno a ser observado. Grande parte das pesquisas nas áreas de bioquímica e de física por exemplo, são realizadas assim. A descoberta do vírus do mosaico do tabaco foi realizada a partir da observação de Adolf Mayer que percebeu em 1886 que plantas de tabaco doentes podiam infectar plantas sadias a partir do contato físico. Para isolar-se o agente infeccioso, folhas doentes foram separadas e submetidas a diversos processos de filtragem e separação dos componentes, processo esse que foi replicado por vários cientistas. Em 1892 já se sabia que o agente infeccioso era algo pequeno demais para ser uma bactéria, mas ainda não havia sido isolado. Em 1898, foi demonstrado que esse agente infeccioso se multiplicava e se acumulava dentro das células da planta, e uma vez que claramente não era uma bactéria, foi então batizado de vírus. O isolamento só ocorreu em 1935 por Wendell Meredith Stanley, que isolou o vírus em uma forma cristalizada, capaz de infectar plantas sadias. Com isso, Stanley tornou-se um dos ganhadores do prêmio Nobel de química de 1946.
O processo de isolamento do vírus do mosaico do tabaco a partir da observação de que plantas doentes infectavam plantas sadias demorou 49 anos. Entretanto, felizmente isolar-se bugs em softwares é uma tarefa bem mais simples, mais rápida e menos trabalhosa do que isolar-se vírus em plantas. Além disso, naquela época não havia StackOverflow e nem Google. Assim sendo, realizar-se um MVCE para isolar-se um problema referente a botões com cantos arredondados não deve levar mais que algumas poucas horas no máximo, provavelmente alguns minutos apenas.
Há duas técnicas para produzir-se o MCVE, uma aditiva e uma subtrativa. A subtrativa é aquela onde partindo-se de um sistema grande onde o fenômeno é observado, partes do sistema vão sendo retiradas e simplificadas até que se chegue em um sistema mínimo onde o bug esteja isolado. Entretanto, a técnica aditiva também é possível (especialmente no seu caso), onde partes do sistema maior que manifestam o problema são adicionadas até que o bug surja. Frequentemente, uma combinação de aspectos aditivos e subtrativos faz-se necessária, embora a maior ênfase esteja no subtrativo mesmo.
Criar-se um MCVE perfeito pode até ser uma tarefa difícil, mas, embora o M seja o aspecto mais apreciável do MCVE, são o C e o V os mais importantes, pois são eles que permitem que outras pessoas possam analisar, replicar e portanto pesquisar o problema. Logo, você não precisa fazer um esforço hercúleo para ter certeza de que chegou no mínimo do mínimo e que não existe mais uma única vírgula que possa ser reduzida ou simplificada. Você só tem que se esforçar o suficiente para tirar as partes que claramente e obviamente nada têm a ver com o problema (incluindo informações sigilosas), pois os aspectos mais importantes são o fato de ser Completo e Verificável.
Um outro aspecto importante é que testes de unidade também são uma aplicação do MCVE. Em cada teste de unidade desenvolvido de forma adequada, você testa uma parte mínima e isolada do software, realizando sobre ela um exercício que deve produzir um resultado esperado. Se o teste falhar, ele já vai te dizer qual é o componente que está com problema, sob quais circunstâncias o problema se manifesta e como replicar o problema sempre que necessário, facilitando bastante o trabalho de investigação de suas causas e da sua correção (além de evidenciar-se a própria existência do problema, obviamente).
Colocar um MVCE na pergunta não é estritamente necessário. E realmente tem pouco valor depois que a resposta é descoberta. Mas, em muitas perguntas, fazer-se isso facilita bastante a obtenção de respostas. E novamente friso que embora um esforço em relação ao M seja necessário, a maior parte das perguntas que têm problemas em relação ao MCVE pecam mais nas partes do C e do V, sendo passíveis de fechamento como "não está clara o suficiente" ou como "este é um problema que não pode ser reproduzido".