Talvez algo me esteja escapando, mas eu não enxergo essa pergunta como subjetiva em absoluto. Inicialmente, eu a classificaria como ampla demais e não é claro o que está perguntando, mas após as edições - em resposta ao feedback da comunidade - ela se tornou na minha opinião uma pergunta "conceitual objetiva". E pessoalmente, ficaria muito triste se o SOpt fechasse as portas para perguntas conceituais.
"Ser polêmica" é uma razão válida para fechamento?
Suponhamos que eu perguntasse "quais as vantagens dos tipos dinâmicos sobre os tipos estáticos?", essa pergunta seria fechada? Muito provavelmente. Mas ela merece ser fechada? Se não fosse o problema [em potencial] do monte de resposta opinativa que iria surgir, eu considero perfeitamente possível enumerar os prós e contras de uma ou outra abordagem, e as situações em que cada uma delas se sai melhor. E garanto que muita gente tem essa dúvida, mas nem arrisca perguntar porque sabe que isso vai degenerar em um "debate religioso"...
A pergunta em análise é bem menos polêmica que a exemplificada acima, especialmente após as últimas revisões. Embora não exista consenso sobre a melhor forma de se usar as ferramentas que os computadores nos oferecem - indo desde o "deve haver uma e apenas uma maneira de se fazer algo" (ex.: filosofia do Python) até o "há vários caminhos até o objetivo, escolha o seu" (ex.: Perl) - e cada uso trará seus prós e contras, não é isso que está sendo debatido na pergunta. Ela deixa claro que o escopo está reduzido a alguns objetivos específicos, e que as respostas devem ajudá-lo a atingir esses objetivos... e não debater se são ou não bons objetivos.
Eu poderia apresentar argumentos a favor de uma cadeia longa de if
s em detrimento do polimorfismo. Eu poderia apresentar argumentos contrários à necessidade de segurança de tipos (e aos princípios SOLID em geral). Etc. Mas nada disso responde à pergunta. Respostas desse tipo devem simplesmente ser sinalizadas como tal.
Devemos evitar fazer uma pergunta simplesmente porque ela atrai respostas mal direcionadas?
Isso abre as portas para perguntas similares de má qualidade/respostas opinativas?
Talvez, mas essa não é a pergunta correta. Diversas decisões foram tomadas que têm potencial disruptivo (ex.: permitir que usuários anônimos perguntem/respondam), mas se concluiu que os benefícios superam os custos (ex.: limpar as perguntas/respostas ruins), e foram adotadas. E nesse caso, o benefício supera o custo?
Talvez eu esteja usando óculos cor-de-rosa, mas me parece um pessimismo exagerado achar que qualquer abertura que for dada nas regras automaticamente um monte de trolls vai se agarrar a ela e usá-la pra justificar com sucesso qualquer vandalismo, e seremos incapazes de contê-los por "detalhes técnicos".
Devemos assumir que somos incapazes de lidar com os eventuais problemas? Antes mesmo deles se manifestarem?
O StackOverflow é para quem?
Definitivamente não somos uma comunidade elitista - pois não só estamos abertos a perguntas de nível introdutório como não há sequer [muita] discordância em relação a isso. Mas temos de tomar cuidado para não acabarmos vítimas de uma "Revolução Cultural", e banirmos do site qualquer pergunta mais "intelectual".
Quem está aqui há mais tempo costuma fazer perguntas de maior qualidade, não porque somos "melhores" de alguma forma que quem chegou depois, mas sim porque - no papel de early adopters - participamos ativamente da construção do site e suas regras. E como co-responsáveis pela moderação do site, sentimos que temos de dar um bom exemplo, sendo particularmente cuidadosos com a forma que perguntamos/respondemos. Usuários mais novos, ainda que sejam tão ou mais capazes do que nós, dificilmente terão o mesmo nível de envolvimento (já que as regras estabelecidas no beta privado possuem uma "inércia" difícil de ser quebrada, passando a impressão que quem chegou depois tem que se adaptar a elas e pronto).
Mas isso não significa - espero - que o tempo em que perguntas mais sofisticadas podiam ser feitas esteja com os dias contados. Eu parei de participar do SOen meses antes do SOpt abrir, justamente por estar cansado daquele turbilhão de perguntas que se resumem a "estou fazendo X e deu o erro Y, como resolver?" (nada contra essas perguntas, inclusive elas vivem salvando minha pele quando estou codificando de fato). Meu "altruísmo" tem limites, se não estou aprendendo nada nem me entretendo (ou ganhando algo com isso, nem que seja mais page views no meu perfil, ainda que no momento eu não tenha muito uso pra eles), eventualmente acabo desanimando de continuar no site.
Estou divagando, mas isso não é pra ser sobre mim: é uma característica da nossa sociedade que eu chamaria de "de terceiro mundo" (sinto muito se a expressão é ofensiva pra alguém). Trata-se da ideia de que toda a ciência e tecnologia é desenvolvida lá fora, e que nós somos apenas consumidores dessa tecnologia. Reparem nesse comentário criticando uma pergunta (ênfase minha):
Essa pergunta não faz sentido, Em que ela agrega um programador? Bom em nada já que ele não tem a intenção de criar um código Random, ...
Essa concepção - que não é exclusiva desse usuário em particular, eu garanto - de que a função de se criar linguagens, bibliotecas, etc é de outras pessoas, e que a nossa é somente utilizar essas ferramentas pra resolver problemas do dia-a-dia, é algo que eu tento sempre combater - só não sei como...
Numa outra linha (mas ainda dentro do tema "O StackOverflow é para quem?"), há a oposição a perguntas/respostas com maior nível de aprofundamento. Veja por exemplo essa conversa no chat (Disclaimer: trata-se de uma crítica a uma resposta minha, e que por sinal estava errada mesmo - mas não pelos motivos citados):
(...) Dei uma resposta de seis linhas, eu acho.
A outra resposta (que prefiro não falar de quem foi) foi hiper prolixa, passou por filosofia, etimologia, mais um monte de coisas, e não respondeu porcaria nenhuma.
(...)
Eu apenas acho que é muito preciosismo. "Ah, a resposta tem que ser hiper completa". Às vezes o que o cara quer tá em 2 linhas.
Eu já fui aluno, e posso dizer que entendo bem o sentimento: de fato, às vezes o que a gente quer é só o mínimo necessário "pra passar na prova", e é um saco quando a pessoa que está nos ajudando fica cheia de discurso. Mas, no meio escrito, isso é relevante? Acho que cabe um pouco de bom senso (um "TL;DR" se sua resposta for demasiadamente longa), mas no final das contas mais informação é melhor que menos - quem quiser se aprofundar lê a resposta completa, quem não quiser pára de ler mais cedo...
Tudo isso que estou dizendo (que é mais uma resposta aos comentários na pergunta e demais respostas, do que à pergunta em si) é para deixar claro que - na minha opinião - esse tipo de pergunta deveria sim continuar sendo aceita, até mesmo estimulada. Há espaço na comunidade para ambos os públicos (iniciante e avançado), não devíamos reduzir ao "menor denominador comum". Não sei que tipos de problemas isso poderá causar no futuro (ainda não participava do SO na época em que foi criado o Programmers, mas li que este se iniciou com uma proposta bastante diferente da que tem hoje - evidência que o motivo não foi "perguntas conceituais serem problem no SO"). Mas estou disposto a "pagar pra ver"...
Conclusão
Eu apóio o sentimento de "prefira a qualidade do conteúdo à pureza das regras do site, que não devem ser seguidas cegamente" ... exceto que nesse caso não é necessário sequer violar qualquer regra. Perguntas conceituais estão no foco do site, a pergunta em questão é sim objetiva, e o fato de que perguntas desse tipo podem atrair conteúdo indesejável não é motivo para restringi-las sem maiores evidências de que isso está acontecendo de fato.